por Gabriel Pinheiro

Na manhã deste sábado, após a emocionante entrega do Prêmio de Redação e Desenho, o Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – recebeu uma conversa muito especial: o escritor e curador Sérgio Abranches recebeu a Ministra do STF Cármen Lúcia. “Paracatu representa o último lugar das, então, Minas Gerais, onde foi encontrado ouro. Talvez esse momento agora seja um tipo de confluência de outro tipo de ouro: o ouro humano”, abriu a Ministra sua fala.

Sérgio Abranches comentou como Cármen Lúcia insere a literatura dentro de seu trabalho enquanto ministra, fugindo do chamado “juridiquês” em suas sentenças. Na sequência, ele destacou o fato de Lúcia ser, atualmente, a única mulher no topo do judiciário brasileiro. “Esperamos que isso mude”, ambos declararam. “Eu vejo na palavra uma forma de ser e de se mostrar o que se é”, comentou a convidada. Para ela, a força das palavras é o que faz com que ditaduras busquem silenciá-las. “Eu, a vida inteira, trabalhei com a palavra. (…) Eu sei o peso da palavra. Quando eu leio a literatura, sei o que a palavra pode fazer por dentro, com a vida inteira de uma pessoa.”

“Pra mim, a literatura e a palavra são como a roda de um engenho, que me conta o que sou, o que fui e o que posso ser, em movimento.” Cármen declarou que a literatura é sobre se relacionar com o outro: “Nada do que a gente escreve acaba na gente. (…) Mesmo na solidão do seu quarto, pela literatura, você está com alguém”.   

A ministra falou sobre seu sonho de uma sociedade sem muros. Para ela, não há transformação real sem o diálogo das diferenças. A palavra é uma ponte para o outro. “Não se transforma sem o desconhecido. Não se transforma sem fazer a travessia de si mesmo sem encontrar o outro.” Segundo ela, a literatura abre uma janela para estar com o outro. “Nem sempre somos capazes de tornar as palavras mais belas para o outro. Mas é essa palavra que é capaz de transformar, é capaz de nos transformar.” 

“A arte salva. A palavra salva. E a arte que salva é essa arte que nos faz diferentes, que nos possibilita caminhos novos.” Cármen Lúcia saudou os encontros possíveis por festivais literários como o Fliparacatu. “É uma festa!” A Ministra concluiu sua fala citando Cecília Meireles: “Ai palavra, ai palavras…. que estranha potência a vossa“. 

O 2.º Festival Literário Internacional de Paracatu  – Fliparacatu –  acontece entre os dias 28 de agosto e 1.º de setembro, com o tema “Amor, Literatura e Diversidade”. A entrada é gratuita para todas as atividades. O Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem o apoio da Prefeitura de Paracatu, Academia Paracatuense de Letras e Fundação Casa de Cultura.