
Daniela Prado, Adriles Ulhôa Filho, Alexandre de Oliveira Gama, Murilo Caldas e Kassius Kennedy destrincharam o legado – parcialmente – esquecido de figuras importantes de Paracatu
Por Letícia Finamore
Após a cerimônia de abertura da terceira edição do Festival Literário Internacional de Paracatu, a presidente da Academia de Letras do Noroeste de Minas e curadora da programação regional do Festival, Daniela Prado, subiu ao palco do Teatro Afonso Arinos. Em poucas palavras, a pesquisadora ressaltou que o Festival não é um evento, e sim um movimento. Daniela fez questão de reforçar que tal movimento é reverberado nas discussões e debates da ALNM e, consequentemente, pelos paracatuenses. Enquanto ainda estava à frente do público, a curadora convidou o escritor e também paracatuense Adriles Ulhôa Filho para subir ao palco. Na ocasião, o ex-membro da ALNM falou sobre sua genealogia, assunto sobre o qual se baseia parte de seu trabalho. Nas lembranças do escritor, Adriles relembrou casos que vivenciou ao lado de outros escritores da cidade de Paracatu.
Logo em seguida, foi a vez de três escritores da programação regional do 3.º Fliparacatu subirem ao palco: Alexandre de Oliveira Gama, Murilo Caldas e Kassius Kennedy. Kassius enalteceu o trabalho de Afonso Borges, presidente do Fliparacatu, tanto na atuação do Festival quanto na realização da mostra Muros Invisíveis, que chegou a sua segunda realização neste ano de 2025. O historiador aproveitou a ocasião para dizer que os eventos promovidos por Borges em uma cidade com heranças indígenas, negras e quilombolas é uma forma de dar voz àqueles antes silenciados. Indo além, Kennedy refletiu sobre o caráter provocador do Fliparacatu, que incomoda por meio da arte. Tal arte maquina pensamentos e instiga o senso crítico das pessoas. Dessa forma, a “encruzilhada”, tema da terceira edição do Festival, obriga a sociedade a resgatar o passado e agir no presente.
Seu colega de profissão, Alexandre de Oliveira Gama, muniu-se de seus “hábitos” de historiador e adentrou o conceito de encruzilhada a partir da história de Paracatu. Dessa forma, resgatou personagens paracatuenses para fazer uma leitura acerca do termo. Ao se falar do tema, fala-se de caminhos que ora se encontram, ora se chocam. Ao mesmo tempo, encruzilhada é um olhar para as fronteiras – as quais, tradicionalmente, na produção da história apresentada como “convencional”, lida-se há muitos anos com verdades absolutas.
As fronteiras são muito definidas mas, ao se munir da metodologia da encruzilhada, percebe-se como as fronteiras são, na verdade, porosas e fluidas. Sendo assim, esse elemento não lida com o aspecto das verdades absolutas, e se torna necessário ir atrás das fissuras, das frestas, das brechas – conforme dito anteriormente por Kassius. Ali, deseja-se encontrar aqueles grupos que, por muito tempo, foram silenciados e apagados das memórias e das escritas; trazer um pouco desse olhar do debate proposto pelo Festival a alguns aspectos mais locais. Nessas fissuras da cidade é que estão, como dito por Murilo Caldas, a potência de negros, lideranças religiosas, indígenas e mulheres que, muitas vezes, não são conhecidos da população – em detrimento de outros personagens que são muito tratados pelos escritores. Para exemplificar, Alexandre apresentou o nome de figuras como Tomás do Lago Monteiro, Felisberto Caldeira Brant, José Rodrigues Fróes, bem como Padre Domingo Simões da Cunha. Todas as figuras colocadas em destaque tiveram parte de suas trajetórias contadas pela leitura de trechos de livros, elemento que fundamenta todo festival literário.
3.º Fliparacatu
Com uma programação diversa para todos os públicos, no 3.º Fliparacatu haverá debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para as crianças, prêmio de redação, apresentações musicais, entre outros. O Festival homenageia os escritores Valter Hugo Mãe e Ana Maria Gonçalves e tem a curadoria de Bianca Santana, Jeferson Tenório e Sérgio Abranches.
O 3.º Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Caixa, da Prefeitura de Paracatu, da Academia de Letras do Noroeste de Minas e parceria de mídia do Amado Mundo.
Serviço:
3.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
De 27 a 31 de agosto, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliparacatu
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
imprensa@fliparacatu.com.br
Jozane Faleiro – 31 992046367