Por Letícia Finamore

A programação infantojuvenil – mais especificamente voltada para o público young adults – do 3.º Fliparacatu teve início às 8h30 de sexta-feira, dia 29 de agosto. Quem esteve na plateia pôde conversar com Igor Pires. Desde o fim dos anos 2010, o convidado para ocupar a mesa que irrompeu a manhã do terceiro dia do Festival faz sucesso na Internet. Criador do perfil e, posteriormente, do livro “Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente”, o escritor começou sua participação com uma dinâmica para “acordar” os muitos adolescentes que ocuparam o Teatro Afonso Arinos. 

Segundo o autor, falar de poesia é sempre positivo, uma vez que é sempre um encantamento. É falar de um lugar pra ele que, por muito tempo, não era possível. Durante sua infância, Igor não tinha o hábito de ler – foi quando a professora Valéria anunciou que a instituição inaugurou uma biblioteca que Igor teve seu primeiro contato com os livros. A biblioteca estava bagunçada, mas o escritor pegou um dos livros bagunçados e se deparou com a obra “Poesia Completa”, de Carlos Drummond de Andrade. Naquele momento, pensou que era igualmente curioso e instigante como a poesia podia falar sobre o lado bonito da vida. 

Ao fim do Ensino Médio, o autor contou como pensava que, caso levasse a arte ao longo de sua vida, ela seguiria como um hobby ou uma atividade de lazer. No entanto, com o passar do tempo, Igor passou a escrever todos os dias. Em 2016, o escritor criou a página “Textos cruéis demais para serem lidos rapidamente”. Em um curto período de seis meses, a página conquistou 100 mil seguidores; mais tarde, ao fim de um ano, atingiu a marca de um milhão de fãs. Também falou que gosta de pensar que poesia é falar sobre a vida de uma maneira bonita ou encantada – justamente por esse motivo Igor não gosta de pensar a poesia como algo fechado. Afinal, a arte existe para que as pessoas tenham outros modos de conexão com o mundo e com o outro.

O encontro com o autor de “todas as coisas que eu te escreveria se pudesse” foi permeado por dicas e conselhos ao público jovem presente. Um deles foi o incentivo a ter um contato mais próximo com os livros. Para Igor, o que acontece, muitas vezes, é que o “livro no mundo” ainda não foi encontrado. O livro, mais do que páginas encadernadas, foi apresentado como um verdadeiro documento histórico, um registro do tempo e da humanidade. Nesse sentido, se permitir mergulhar na leitura não deveria ser visto como algo “fora de moda” ou como um “mico”, mas como um exercício de liberdade.

A poesia também foi o grande destaque: segundo o escritor, ela dá aval ao cotidiano, legitima as pequenas coisas e pode até salvar caminhos. Foi graças a esse impulso – quase um modo de sobrevivência – que encontrou forças para seguir. Por isso, reforçou a importância de agradecer e não desistir da arte. Com sinceridade, Pires também reconheceu que escrever poesia dificilmente dá dinheiro – mas, em compensação, dá felicidade. E completou: “todo mundo que escreve é escritor”, e que escrever é um ato de coragem, de expressão e de resistência.

3.º Fliparacatu

Com uma programação diversa, para todos os públicos, no 3.º Fliparacatu haverá debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para as crianças, prêmio de redação, apresentações musicais, entre outros. O Festival homenageia os escritores Valter Hugo Mãe e Ana Maria Gonçalves e tem a curadoria de Bianca Santana, Jeferson Tenório e Sérgio Abranches.

O 3.º Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Caixa, da Prefeitura de Paracatu, da Academia de Letras do Noroeste de Minas e parceria de mídia do Amado Mundo.

Serviço:

3.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
De 27 a 31 de agosto, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliparacatu
Entrada gratuita

Informações para a imprensa:
imprensa@fliparacatu.com.br
Jozane Faleiro – 31 992046367