Fernanda Takai, John Ulhoa e Afonso Borges falam (e cantam) sobre a trajetória de composições e letras no 3.º Festival Literário Internacional de Paracatu

Por Fernanda Martins

Música e Letra foi o tema da mesa de encerramento da noite do 3.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu. O encontro entre Fernanda Takai, John Ulhoa e Afonso Borges, realizado às 21h no Teatro Afonso Arinos, logo mostrou que a “conversa de comadre e compadres” seria um presente para os ouvidos. Tudo ali respirava a aura interiorana de Paracatu: dos sussurros que afinavam o violão de John Ulhoa à busca pelo tom mais confortável da voz de Fernanda Takai. Um jeito intimista da dupla, que já compartilha mais de 30 anos de sintonia nos palcos do Brasil e do mundo com a banda Pato Fu. Ao lado, com olhar atento e admirado, estava Afonso Borges, idealizador do Festival e presidente da Associação Cultural Sempre um Papo.

O trio trouxe para a conversa a convergência natural entre canção e literatura. As afinidades foram surgindo e se refletindo nos pontos de encontro entre a composição musical e a escrita literária. Ao anunciar a última intervenção da noite, Afonso destacou a vivência de Fernanda como cronista e relembrou a coragem com que ela encarou seis anos à frente de uma coluna no jornal Estado de Minas. “Muita gente falava que não ouvia minha música, não gostava das minhas músicas, mas estavam gostando dos meus textos. Eu entendo que o jornal queria colocar uma mulher com um pensamento diferente e, muitas vezes, a gente tem que dar esses passos para esse mundo que vai entornar”, refletiu Fernanda.

Ao recordar o início de sua trajetória como autora, ela destacou como a literatura foi fundamental para sua formação como escritora e compositora. A musicalidade da menina que gostava de ler e escrever redações transbordou para o universo infantil. Seu mais recente lançamento, Quando o curupira encontra a kappa, reúne lendas brasileiras e mitos japoneses convocados para proteger o mundo do “bicho-homem”.

Na sequência, John revelou como aprendeu a compor para a voz de Fernanda: “A Fernanda tem uma voz incrível e eu aprendi a fazer música para ela cantar, em tentativas de criar canções que valorizassem seu timbre. Foi um aprendizado. Aprendi que melodia ela gosta e quais palavras usar… e a primeira música que fiz de encomenda ‘de mim para mim mesmo’ foi ‘Sobre o Tempo’”.

A plateia rapidamente respondeu à musicalidade da dupla e acompanhou, em coro, os versos da primeira canção que John entregou à voz de Fernanda. Ela, por sua vez, lembrou que a força criativa do parceiro também se deve ao exemplo dos pais, que sempre cultivaram a leitura em casa. Essa união entre música e literatura sempre esteve presente em seu imaginário. “Quando comecei a fazer música, fiquei impressionada com a musicalidade de Cecília Meireles. Eu lia e ouvia. Era quase uma música. Temos o caso de Antônio Cícero: quando se lia, só podia dar música. É o ritmo que surge na nossa cabeça”, afirmou.

As memórias da dupla mostraram como o repertório literário e musical sempre caminharam juntos. John lembrou que a canção de maior sucesso do Pato Fu nasceu de estrofes escritas por Fernanda aos 15 anos. “Mexemos um pouquinho e lançamos ‘Antes que seja tarde’”, recordou. Tempos depois, durante um almoço no Itamaraty, Fernanda descobriu que a música feita durante uma mudança de cidade havia se tornado um hino entre diplomatas. “O processo de criação acontece rabiscando e, às vezes, demora mais de um ano”, contou.

Para encerrar em grande estilo, a dupla se despediu com uma canção marcada pelos assobios de John e pelo “cheiro de pão de queijo” na melodia linda da canção Simplicidade.

 

O Festival

Com uma programação diversa para todos os públicos, no 3.º Fliparacatu acontecem debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para as crianças, prêmio de redação, apresentações musicais, entre outros. O Festival homenageia os escritores Valter Hugo Mãe e Ana Maria Gonçalves e tem a curadoria de Bianca Santana, Jeferson Tenório e Sérgio Abranches.

 

O 3.º Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Caixa, da Prefeitura de Paracatu, da Academia de Letras do Noroeste de Minas e parceria de mídia do Amado Mundo.

 

Serviço:

3.º Festival Literário Internacional de Paracatu Fliparacatu

De 27 a 31 de agosto, quarta-feira a domingo

Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliparacatu

Entrada gratuita

 

Informações para a imprensa:

imprensa@fliparacatu.com.br

Jozane Faleiro  – 31 992046367