
Mesa “Amor inventado” trouxe reflexões inspiradas sobre esse sentimento tão fundamental
O amor e suas potências foi o tema da mesa “Amor inventado” na tarde deste sábado do 3.º Festival Literário Internacional de Paracatu no Teatro Afonso Arinos. O anfitrião Matheus Leitão recebe as escritoras Geni Nuñez e Juliana Monteiro e o escritor Renato Noguera. Matheus abriu a conversa destacando a maneira como os três convidados falam sobre o amor de maneiras singulares. Uma pergunta difícil, então, foi entregue por ele aos parceiros de mesa: “O que é o amor?”
“O que escrevo é pra entender o que é o amor. Eu me digo militante do amor”, respondeu de início Juliana Monteiro. Na sequência, a escritora falou sobre como o amor, sob diferentes formas e abordagens, perpassa toda a sua produção literária. “Até que ponto essas caixinhas e regras tiram do amor a sua potência? Tenho questionado muito essas normas e regras. Acho que a gente tem que derrubar essas paredes que colocamos no amor.” Juliana refletiu sobre como o amor é também sobre a alteridade, sobre respeitar o outro.
O amor norteia a pesquisa e a escrita de Renato Noguera: “O amor é um afeto catalisador de bem-viver. No estado de amorosidade nós somos capazes de usar qualquer emoção de uma forma que a vida seja favorecida”. O escritor refletiu sobre a necessidade de um letramento afetivo. “Compreender que o amor é um antídoto fundamental para a violência na resolução de conflitos.”
Noguera mergulhou no amor de maneira conceitual, nas múltiplas possibilidades de expressão deste sentimento e nas muitas configurações de relacionamentos. Para o autor, o amor é um caminho para alcançarmos a democracia e o diálogo. “O amor é também um exercício. A gente aprende a amar. O amor é a chance da gente fazer o que é mais bonito da vida, que é celebrar esse milagre, essa raridade.”
Na sequência, Geni Nuñez destacou como o amor também é um tema importante no seu trabalho, sob uma perspectiva anticolonial. “Uma das minhas tarefas como pesquisadora indígena é ter essa sensibilidade de que as nossas pesquisas possam contribuir com as lutas dos nossos povos”, acrescentou. “Boa parte das violências têm sido praticadas não por aqueles que são chamados de selvagens, mas pelos civilizados.” Geni falou sobre como sua pesquisa passa pelo gesto de desconfiar dos sentidos das palavras. “Talvez se a gente abandonar uma posição platônica em que os valores são essencialmente positivos, a gente possa complementar o seguinte: o mundo precisa de amor, mas de alguns amores ele talvez precise menos”, concluiu.
Renato Noguera comentou ser celebrante de casamentos. “Eu nunca termino com ‘até que a morte nos separe’, pois isso não é correto, não é justo”, ele destacou. Para Juliana, “O amor não deveria ser raro. A gente deveria nos permitir sentir amor mais frequentemente. Poder colher amor como a gente colhe ódio”. Os três convidados, então, compartilharam com o público trechos de seus trabalhos que trazem o amor como centro de reflexão. Juliana fez a leitura de um livro ainda em processo de escrita.
Geni Nuñez falou sobre a “artesania dos afetos”: “Um convite para que cada pessoa construa um caminho que seja possível para ela”. Geni ampliou a ideia do amor para além das relações interpessoais, numa bela reflexão sobre a relação entre os povos originários e a terra: “A luta pela terra também é o nosso gesto de amor”. Na sequência, Juliana Monteiro retomou o nome da mesa: “Talvez todo o amor seja inventado. Tenho pensado muito sobre isso”.
Renato leu um trecho de seu livro “ABC do amor”: “O tesão é da ordem da urgência. (…) O tesão pulsa atravessado pelo desejo”. O amor fechou a conversa nas palavras de Matheus Leitão: “Amo vocês. Amo a literatura de vocês”.
3.º Fliparacatu
Com uma programação diversa, para todos os públicos, no 3.º Fliparacatu haverá debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para as crianças, prêmio de redação, apresentações musicais, entre outros. O Festival homenageia os escritores Valter Hugo Mãe e Ana Maria Gonçalves e tem a curadoria de Bianca Santana, Jeferson Tenório e Sérgio Abranches.
O 3.º Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Caixa, da Prefeitura de Paracatu, da Academia de Letras do Noroeste de Minas e parceria de mídia do Amado Mundo.
Serviço:
3.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
De 27 a 31 de agosto, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliparacatu
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
imprensa@fliparacatu.com.br
Jozane Faleiro – 31 992046367