Fotos: Álvaro Serrano Sierra/ Arquivo Pessoal

“A leitura do mundo sempre me pareceu mais nítida e profunda se feita pelo olhar da poesia. Se a experiência de viver é fonte da experiência poética, ela se torna parte de meu universo particular. Um poema é capaz de me fazer tocar o mundo que eu apenas julgava enxergar, tornando-o mais palpável e mais vivo. Assim, a poesia reforça, fortalece e aprofunda o ato de viver. Ao publicar um poema ou um livro de poemas, a minha intenção é proporcionar ao leitor a mesma experiência.

O poema é uma janela. A transição dos sinais gráficos da escrita para particulares paisagens se faz enquanto nossos olhos percorrem os versos, ou enquanto a voz amiga os decodifica em sons e palavras. Aqui, a palavra não se restringe ao significado dicionarizado; ela é horizonte aberto de possibilidades imagéticas. A interação das palavras magicamente dispostas sobre o papel provoca um movimento imprevisível nas profundezas de dois indivíduos que interagem: aquele que escreve e aquele que lê. O primeiro traduz para o papel a sua emoção, a imagem despertada por sua observação. O segundo recria o poema a partir de seu olhar e sua sensibilidade.

Nestes tempos em que atravessamos os limites do suportável, a poesia há de nos arrancar da inércia porque sua linguagem não é a da banalidade, ela atua sobre outras sinapses. Se as notícias sobre a chacina de crianças, os feminicídios em série, o massacre de indígenas, os gestos de ódio ou de racismo, o mundo em desconstrução, o impasse a que a humanidade se conduziu, se nada disso é compreendido em seu cerne, então é o momento de dar voz à poesia. Como disse Octávio Paz, é preciso inventar as palavras, como nos criamos e  criamos o mundo todos os dias. As palavras da poesia são as vozes do mundo, às quais é dado um novo sentido”.

A palestra “Tempo da poesia” será realizada pelos autores Luiza Romão e Alexandre Marino no dia 26/8, sábado, às 16h, na Igreja Nossa Senhora do Rosário.

Poeta, atriz e slammer, Luiza Romão é autora dos livros “Sangria” (Selo Doburro), “Também guardamos pedras aqui” (Editora Nós, vencedor do Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Poesia e Melhor Livro do Ano; e semifinalista do Prêmio Oceanos) e “Nadine” (Editora Quelônio). Bacharel em Artes Cênicas e mestre em Teoria Literária e Literatura Comparada (USP), pesquisa voz, poesia e performance.

Alexandre Marino nasceu em Passos-MG. Na adolescência, em tempos de ditadura militar e AI-5, co-editou a revista literária “Protótipo”, que teve repercussão nacional nos anos 1970. Ganhou vários prêmios literários. Formou-se em Jornalismo em Belo Horizonte e mudou-se para Brasília em 1982. No Jornal do Brasil, participou da cobertura da Assembleia Nacional Constituinte, de 1985 a 1988. Nas redações de O Estado de S. Paulo, Jornal de Brasília e Correio Braziliense, trabalhou em várias editorias, com destaque para a cobertura cultural, fazendo reportagens e entrevistas sobre literatura, música e artes em geral. Tem oito livros publicados, todos de poesia, desde 1979. Em 2005, o crítico e escritor Antonio Olinto, da Academia Brasileira de Letras, em artigo sobre o livro “Arqueolhar”, o incluiu “entre os grandes poetas do Brasil”. Seu livro “Exília”, publicado em 2013, foi ganhador da Bolsa Funarte de Criação Literária em 2008. “Terra Sangria”, lançado pela editora Penalux no ano passado, com textos de apresentação de Maria Valéria Rezende e Mariana Ianelli, foi escrito entre 2019 e 2022 e traça um panorama poético sobre os quatro anos de pandemia e a insanidade que marcaram esse doloroso período. Atualmente trabalha na Assessoria de Comunicação Social do Ministério da Fazenda.

O Festival Literário Internacional de Paracatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e com o apoio da Prefeitura Municipal de Paracatu, da Paróquia de Santo Antônio e do Projeto Portinari. Com a curadoria de Tom Farias, Sérgio Abranches e Afonso Borges, acontece entre os dias 23 e 27 de agosto de 2023, no Centro Histórico da cidade.

Serviço:

Festival Literário de Paracatu – Fliparacatu

De 23 a 27 de agosto, quarta-feira a domingo

Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @‌fliparacatu

Entrada gratuita

Informações para a imprensa:

imprensa@fliparacatu.com.br

Jozane Faleiro  – 31 992046367/ Letícia Finamore – 31 982522002