Por Letícia Finamore
A biografia de Sueli Carneiro, filósofa, escritora e ativista, foi escrita por Bianca Santana, escritora que subiu ao palco do Auditório Afonso Arinos na tarde desta sexta-feira, 30 de agosto. Ao seu lado se posicionaram Paulo Lins e o ítalo-francês Emanuele Arioli. Dando início ao bate-papo, Bianca traçou a genealogia de Sueli Carneiro, indicando, inclusive, que nutre a hipótese de que haja algum “galho” que aproxime a ativista de Afonso Arinos, escritor paracatuense que é Patrono do Festival Literário Internacional do município. No entanto, pela falta de detalhes e até mesmo de registros, a possibilidade nunca foi comprovada.
Para fazer sua pesquisa, Bianca revelou que precisou debulhar documentos para esquematizar as informações que culminaram na publicação biográfica de Sueli Carneiro. Assim como a escritora, seu parceiro de palestra Emanuele Arioli trabalhou com registros – no entanto, seus objetos de análises foram diferentes. Passando por sete países diferentes, como Itália, França, Suíça, Bélgica, Arioli debruçou-se sobre 28 fragmentos e manuscritos, até mesmo pedaços queimados. O pesquisador precisou se munir de equipamentos tecnológicos para que fosse possível desvendar o que estavam naqueles papéis antigos e, majoritariamente, afetados pelo tempo.
Diferentemente de Bianca Santana, o resultado dos dez anos de pesquisa de Emanuele culminaram em três publicações de ficção: um romance, uma série em quadrinhos e um livro ilustrado para o público infantojuvenil. Trata-se da história de Segurant, o cavaleiro do dragão, que era um dos integrantes da mais alta corte da cavalaria do Rei Arthur – ou seja, da conhecida Távola Redonda. A história de Segurant, esquecida por mais de sete séculos, é um dos romances mais antigos da Idade Média e o mais antigo da Itália, país onde Emanuele nasceu.
Quando a palavra foi passada a Paulo Lins, o escritor, o primeiro de sua família a cursar faculdade, disse que o que o motivou a fazer tudo o que fez ao longo de sua carreira foi a arte – e a filosofia, as únicas coisas “possíveis de olhar cara a cara”. Acrescentando, o escritor de “Cidade de Deus” afirma que o que pode – e vai – ser mudado é, justamente, por meio da arte e, sobretudo, da educação. Esses fatores, como conta, ligam os indivíduos a suas ancestralidades e, assim, falam sobre o futuro. Dessa forma, os dois momentos temporais estão conectados – o que, de certa forma, referencia o Sankofa, símbolo que compõe a identidade visual do 2.º Fliparacatu e remete à importância de se aprender com o passado para a construção do presente e do futuro.
Instigante, Bianca Santana repetiu a mesma frase que havia feito anteriormente na mesa de conversa que dividiu com Afonso Borges, idealizador e curador do 2.º Fliparacatu, e Carlos Starling, médico infectologista e escritor. Referenciando o tema do Festival, “Amor, Literatura e Diversidade”, Bianca repetiu uma pergunta constantemente feita por Dona Belinha, uma senhora que conheceu na cidade de Pilão Arcado, no estado da Bahia: de onde vem o amor?
Em sua resposta, Emanuele disse que, por ser especialista em Idade Média, poderia explicar um pouco sobre esse tópico a partir da lenda do Rei Arthur. Nessas histórias, o amor aparece de várias formas, como entre duas pessoas que decidem construir uma vida juntas, amor familiar, religioso, amizade. Sintetizando, o medievalista conta que a utopia da Távola Redonda ajudou a apresentar a diversidade de tipos de amor àquela época. Em seguida, Paulo Lins finalizou: “Amor é a cumplicidade de acreditar no mesmo deus, cantar a mesma música, comer a mesma comida e fazer as nossas rodas de samba. Falo como pessoa negra: nossa história teve resistência, teve muita luta… o que colocou a pessoa negra na sociedade brasileira foi o amor, e o amor entre a gente, de não soltar a mão e de ir junto, é o que nos leva a ir além”.
Sobre o Fliparacatu
O 2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – acontece entre os dias 28 de agosto e 1.º de setembro, com o tema “Amor, Literatura e Diversidade”. A entrada é gratuita para todas as atividades. O Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem o apoio da Prefeitura de Paracatu, Academia Paracatuense de Letras e Fundação Casa de Cultura.
Serviço:
2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
De 28 de agosto a 1.º de setembro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliparacatu
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
imprensa@fliparacatu.com.br
Jozane Faleiro – 31 992046367/ Letícia Finamore – 31 982522002