O escritor Edmilson Pereira de Almeida é quem assina o prefácio do livro falado em homenagem ao Poeta Homenageado do 2.º Fliparacatu, Lucas Guimaraens. Edimilson nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1963. Poeta, ensaísta, ficcionista, autor de literatura infanto-juvenil e professor na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora. De sua obra ensaística, destacam-se, dentre outros, os livros Os tambores estão frios: herança cultural e sincretismo religioso no ritual de Candombe (Mazza, 2005, Prêmio Vivaldi Moreira da Academia Mineira de Letras, 2004); Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma epistemologia de base afrodiaspórica na Literatura Brasileira (Azougue, 2017), A saliva da fala: notas sobre a poética banto-católica no Brasil (Azougue, 2017, Prêmio Sílvio Romero de Folclore e Cultura Popular/ FUNARTE, 2002). Estreou na publicação de poesia em 1985, com o livro Dormundo (Edições d’lira, Juiz de Fora). Recebeu, dentre outras as distinções o Prêmio Nacional de Literatura UFMG, pelo livro Ô lapassi & outros ritmos de ouvido (1988). Em 2019, publicou a antologia que reúne parte de sua obra, Poesia+ (antologia 1985-2019) (Ed. 34). É autor ainda dos romances, todos de 2020, Um corpo à deriva (Macondo), O ausente (Relicário) e Front (Nós), este último vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura.
Trinta e três poesias de Lucas podem ser ouvidas na voz da atriz Júlia Lemmertz. Essa é mais uma forma que o 2.º Fliparacatu celebra a literatura do Poeta Homenageado desta edição, indo além do projeto Pão e Poesia. A proposta conta com a impressão de sacos de pão com versos de seus poemas. Circulando pelas panificadoras da cidade, embalagens de 1 kg, 2 kg e 5 kg são cuidadosamente selecionados e convidam os clientes de padarias e panificadoras paracatuenses a se tornarem leitores.
No prefácio, Edmilson fala:
Salve, meu querido amigo Afonso Borges! Quero saudá-lo através desse vídeo e a toda a sua equipe que prepara e realiza, mais uma vez, o Fliparacatu. Nesse ano, um dos homenageados é o nosso querido amigo em comum, o poeta e estudioso Lucas Guimaraens. Cito aqui dois versos dele para mediar esse breve comentário que faço, ressaltando a homenagem que ele vai receber nesse Fliparacatu em curso:
“O exílio”, segundo o poeta, “é palavra sem pronúncia”. E ainda, segundo o poeta, “o exílio diz todas as palavras do poema”.
Com esses dois versos, penso que podemos sintetizar e, ao mesmo tempo, expandir alguns dos aspectos da obra poética que Lucas Guimarães vem construindo ao longo de sua carreira, como estudioso da cultura, mediador de eventos importantes na área das Ciências Sociais, mas, sobretudo, como alguém plenamente envolvido com as realizações da vida poética. Não são poucos os autores que se dedicam a esse métier, mas também não são muitos aqueles que fazem, segundo o próprio Lucas, da palavra o meio maior de expressão.
Como bem caberia na perspectiva do próprio Lucas, sua escrita revela a ideia de uma palavra cidadã, comprometida, a um só tempo, com as demandas do nosso tempo histórico, uma denúncia das injustiças que permeiam as nossas relações sociais, mas, ao mesmo tempo, uma palavra que precisa de si mesma, que escava em si mesma a melhor forma de expressão dessas nossas grandes necessidades.
Foi um pouco isso que procurei externar quando, em 2017, Lucas me deu a honra de prefaciar a versão brasileira do seu livro Exílio. E é com o texto dessa apresentação que encerro e convido a todos os participantes do Fliparacatu deste ano a conhecerem mais profundamente a obra desse poeta tão amigo e tão comprometido com a vida e com a história.
Um outro nome para liberdade, que é um tema forte na poética de Lucas Guimarães, subjaz a todos os poemas sob a forma de ousadia — essa pulsão necessária para quem espera sobreviver às diferentes formas de exílio e de violência. Essa palavra, “ousadia”, que se confunde com liberdade, serve para quem reconhece que ainda não delou as regras do grande jogo da história, o qual estamos todos comprometidos.
O grande desafio é entender que teremos de responder, mesmo que sustentados por uma frágil e tênue confirmação de vida que vem nas palavras do poeta Lucas Guimarães, sobre a forma da seguinte expressão: “É preciso manter a contínua escrita que se apaga, e, nesse apagar-se, que se acende também a força e o sentido da vida poética de Lucas Guimarães.”
Um grande abraço, meu querido amigo! Que essa edição do Fliparacatu seja um momento de reconhecimento de todo o seu grande trabalho pela cultura do país.
Confira, a seguir, o vídeo que inicia o livro falado em homenagem a Lucas Guimaraens:
Os trinta e três poemas, declamados por Lemmertz, estão disponíveis no Spotify. Para ouvi-los, clique aqui, ou acesse-os abaixo:
Sobre o Fliparacatu
O 2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – acontece entre os dias 28 de agosto e 1.º de setembro, com o tema “Amor, Literatura e Diversidade”. A entrada é gratuita para todas as atividades. O Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem o apoio da Prefeitura de Paracatu, Academia Paracatuense de Letras e Fundação Casa de Cultura.
Serviço:
2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
De 28 de agosto a 1.º de setembro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliparacatu
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
imprensa@fliparacatu.com.br