
por Gabriel Pinheiro
A tarde de sábado do Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – recebeu uma mesa que transbordou o afeto e o amor e suas diversas possibilidades nas relações entre as pessoas e a literatura. A mesa contou com a participação do escritor Matheus Leitão e das escritoras Bianca Santana e Joana Silva.
Matheus Leitão abriu sua fala comentando sobre a sua relação com os pais, uma relação permeada pelo amor e pela admiração. Admiração por suas trajetórias, relembrando suas lutas durante a ditadura militar. “O Brasil nunca fez uma reparação sobre esse longo processo de dor.” Matheus comentou que a admiração pelos pais só cresceu ao entender as dificuldades pelas quais passaram durante a Ditadura.
Bianca Santana também comentou sobre o amor, pensando na relação entre o amor e os seus livros. Sobre seu trabalho acerca da trajetória da escritora Sueli Carneiro: “Conhecer a história de luta do movimento negro a partir da história de uma mulher que se dedica a transformar esse pais num lugar mais justo. O livro mostra meu amor por ela, mas também o meu amor por nós”. Segundo a autora, “tem muito amor na luta, tem muito amor na resistência”. Bianca saudou, ao longo de suas falas, as mulheres negras e quilombolas de Paracatu e participantes do Fliparacatu.
Para Joana Silva, “o amor é construído e nutrido diariamente, a partir das escolhas que a gente faz todo dia”. “O amor, ele é vivido. É preciso que a gente viva o nosso amor para poder oferecê-lo para os outros”, concluiu.
Na sequência, Bianca Santana comentou sobre a dificuldade das conexões no presente – um presente tão hiperconectado pelas redes. “Por isso que um festival como esse também é tão importante, pelos encontros.” Matheus Leitão declarou que tenta sempre pensar no futuro como um lugar de esperança.
Joana Silva comentou sobre seu livro “As lições que eu aprendi viajando e morando na China”, pensando nele como uma forma de mostrar possibilidades de futuros. “Eu venho aprendendo a olhar pro futuro pensando em como eu posso criar possibilidades. Também quero contribuir para esses futuros possíveis nas cabeças das outras pessoas.”
Na conclusão da conversa, Joana declarou: “Uma das melhores coisas que pode acontecer com qualquer pessoa é se conectar consigo mesma. (…) Construir uma relação com si mesmo para construir uma relação com o outro”. Bianca relembrou que os três autores da mesa escrevem memórias. “A escrita da memória é uma escrita profundamente amorosa. (…) A gente escreve por amor e atenção aos que se foram, mas, principalmente, por amor e atenção aos que estão aqui. Acho que nós três escrevemos sobre o amor.”
O 2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – acontece entre os dias 28 de agosto e 1.º de setembro, com o tema “Amor, Literatura e Diversidade”. A entrada é gratuita para todas as atividades. O Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem o apoio da Prefeitura de Paracatu, Academia Paracatuense de Letras e Fundação Casa de Cultura.