
Os escritores contaram suas experiências de criação literária e refletiram sobre a vulnerabilidade necessária para a escrita
Por Laura Rossetti
Foto de capa por @alnereis
“A relação entre a memória pessoal e a construção da história na escrita”: esse foi o tema da mesa de bate-papo compartilhada por Pillar B. Meireles, Raik e Tarzan Leão. A conversa entre os três escritores aconteceu às 9h, na Academia das Letras do Noroeste de Minas, dando início à programação regional desta sexta-feira, 29/8, do 3.º Fliparacatu.
Tarzan Leão introduziu a temática da mesa contando um caso que ele pensava ter acontecido com ele durante a infância, mas que, na verdade, anos depois, descobriu ter acontecido com sua mãe. “Penso que nós, escritores de ficção, trabalhamos muito com memórias, das quais nos apropriamos e inventamos, e tomamos como nosso aquilo que é, às vezes, herança familiar”, disse. Tarzan, que nasceu na cidade de Ipueira, no Rio Grande do Norte, é autor de obras como “Orar como Jesus orou” e “De Deus que veio a palavra”.
Pillar contou que as memórias também são fundamentais em seu processo de escrita. “Eu pego relatos de algumas pessoas e as transformo em histórias, porque eu acredito que a escrita é uma das portas que a gente tem para eternizar. E uma memória boa merece ser eternizada. Pillar escreve crônicas e foi vencedora do Prêmio de Redação da segunda edição do Fliparacatu. Ela é autora dos livros “Anjos também sabem amar” e “Até mesmo a brisa suave tem seus momentos”.
Durante a conversa, os autores também abordaram a vulnerabilidade necessária para se ser escritor e transpôr em palavras seus próprios sentimentos. Raik contou que ele tem dislexia e, por isso, ele passou por dificuldades em seu aprendizado quando criança, e em seu processo de escrita, já que ele confundia letras e errava a grafia de palavras. “Muitas vezes, eu não conseguia enxergar erros, e isso me frustrou muito, me deixou com uma autocrítica muito grande”, disse.
“Regionalismos, modernismos e invisibilidades”: vida e obra de Afonso Arinos
A programação regional da manhã contou ainda com a mesa “Regionalismos, modernismos e invisibilidades”, com Helen Ulhôa Pimentel, Telma Borges e Daniela Prado. As três conversaram principalmente sobre a obra do escritor paracatuense Afonso Arinos. Nascido em 1868, ele foi uma figura ativa no cenário cultural brasileiro e começou a se dedicar à literatura na juventude, quando era estudante de Direito em São Paulo. Sua obra mais conhecida é “Pelo sertão – contos”, de 1898, e ele é autor também de outros livros, como o romances “Os jagunços”, publicado no mesmo ano. O 3.º Fliparacatu homenageia o autor na exposição “Afonso Arinos – Linha da Vida”, fruto da pesquisa de Helen Ulhôa, com redação de Nágela Caldas, que fica em exibição durante os dias do Festival, na Praça Ademar da Silva Neiva.
Sobre o Fliparacatu
Com uma programação diversa, para todos os públicos, o 3.º Fliparacatu conta com debates literários, lançamentos de livros, contação de histórias para as crianças, prêmio de redação, apresentações musicais, entre outros. O festival homenageia os escritores Valter Hugo Mãe e Ana Maria Gonçalves e tem a curadoria de Bianca Santana, Jeferson Tenório, Sérgio Abranches, Leo Cunha e Daniela Prado.
O 3.º Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem apoio da Caixa, da Prefeitura de Paracatu, da Academia de Letras do Noroeste de Minas e parceria de mídia do Amado Mundo.
Serviço:
3.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
Data: 27 a 31 de agosto de 2025, quarta-feira a domingo
Local: Centro Histórico de Paracatu (MG) – Entrada gratuita
Mais informações @fliparacatu – www.fliparacatu.com.br