por Gabriel Pinheiro
Na tarde desta quinta-feira, a Academia de Letras do Noroeste de Minas recebeu uma mesa com o tema: “Arinos – o cosmopolita e o sertão”, um mergulho na vida e na obra de Afonso Arinos, escritor nascido na cidade de Paracatu e Patrono do 2.º Fliparacatu. Participaram do encontro Isaias Nery, Helen Ulhôa Pimentel e Alexandre de Oliveira Gama.
Helen Ulhôa Pimentel abriu a fala dizendo que o escritor Guimarães Rosa foi quem a levou até Afonso Arinos. Ela destacou como Arinos foi uma grande influência na obra de Rosa. “Eu bebia tanto na fonte de Guimarães Rosa, como não conhecia Afonso Arinos?”. Ela comentou, ainda, a dificuldade em encontrar especialistas na obra de Afonso, mesmo com toda a sua importância na história da literatura brasileira. “Guimarães me levou pelas mãos até Arinos”.
Alexandre de Oliveira Gama comentou sobre a relação entre a obra de Arinos e o sertanejo, na maneira como a cultura do interior e do sertanejo estão incutidas na obra do escritor mineiro, trazendo a sua própria experiência pessoal em sua reflexão. Ele revelou que Afonso Arinos, quando criança, montava peças teatrais na cidade, no quintal da casa de sua avó. “Os reflexos da importância de Arinos estão pela cidade”. Na sequência, destacou a importância da oralidade, tão típica do interior mineiro, nos textos de Arinos. “Você vai encontrar essa oralidade dos causos nos contos de Afonso Arinos. Mesmo quando saiu de Paracatu, ele não perdeu isso. A paisagem do que ele viveu na primeira infância em Paracatu nunca mais vai abandoná-lo.”
Isaias Nery questionou sobre a maneira como o cosmopolita e o interior coexistem na vida e na obra de Afonso Arinos. Segundo Helen Ulhôa, o escritor mineiro passou por diferentes cidades do Brasil e também do exterior. “Ele viveu um período muito conturbado da História do Brasil. O final da Monarquia e o início da República”. Helen destacou como Arinos defendia a necessidade de que a intelectualidade pensasse o Brasil não com os olhos voltados para o exterior, mas sim para o interior, para o sertanejo. “Ele mostrava como essas pessoas guardavam as lendas e as tradições, e como essas lendas e tradições eram importantes para manter a unidade nacional.”
“As personagens dos contos de Arinos saíram do mundo em que ele vivia”, destacou Alexandre. Segundo ele, a ficção e a realidade se contaminam nos escritos do autor mineiro sobre o sertão.”São essas pessoas do sertão que vão influenciá-lo”.
Vida e obra de Afonso Arinos também marcaram conversa na manhã desta quinta
Mais cedo, também nesta quinta-feira, a Academia de Letras do Noroeste de Minas recebeu outra mesa dedicada ao Patrono do 2.º Fliparacatu. Tarzan Leão, Vanderson Roberto Pedruzzi Gaburo e Daniela Prado conversaram sobre a influência de Afonso Arinos na literatura regional e na formação da identidade local.
Daniela Prado destacou o fato de a programação desta segunda edição do Festival se dedicar ao estudo e ao debate acerca da obra de Afonso Arinos. Para ela, é importante colocar os autores locais e regionais em contato com o trabalho do escritor mineiro, possibilitando que estudiosos de sua obra tragam suas pesquisas, abrindo portas para tais trabalhos. “A gente faz questão que esse ciclo de debates sobre Afonso Arinos aconteça aqui na nossa casa, a Academia de Letras do Noroeste de Minas, que vocês venham nos conhecer, conhecer nossa biblioteca.”
Na sequência, Vanderson Roberto Pedruzzi Gaburo deu início à sua participação apresentando sua pesquisa acerca da obra de Arinos e a importância dessa obra no contexto da literatura regional e na formação de uma identidade local — os dois pontos norteadores deste encontro.”Que bom que, através do movimento do Fliparacatu, conseguimos jogar luz sobre um autor que foi esquecido no tempo”. Ele ainda destacou como a obra de Afonso Arinos é essencial no debate acerca de nação, estado e identidade.
Para Tarzan Leão, Afonso Arinos foi um pioneiro e desbravador no contexto da literatura regionalista brasileira. “Ele é um dos inventores do que se entende enquanto Brasil.” Para ele, escritores como Arinos são muito importantes por esse pioneirismo.
O 2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – acontece entre os dias 28 de agosto e 1.º de setembro, com o tema “Amor, Literatura e Diversidade”. A entrada é gratuita para todas as atividades. O Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem o apoio da Prefeitura de Paracatu, Academia Paracatuense de Letras e Fundação Casa de Cultura.