
Na noite do sábado do 2.º Fliparacatu, 31 de agosto de 2024, Jamil Chade leu uma carta na cerimônia que celebrou a vida e a obra de Ailton Krenak, Autor Homenageado do 2.º Fliparacatu. Você pode conferir o artigo escrito pela jornalista Márcia Maria Cruz clicando aqui.
Leia, a seguir, a carta na íntegra:
Querido Krenak,
Sua eleição para a Academia Brasileira de Letras há poucos meses nos encheu de “infinita esperança”, como diria Martin Luther King. A esperança de que possamos entrar definitivamente numa etapa da nossa sociedade em que todos possam fazer parte de forma plena. Nunca mais um Brasil sem indígenas, sem negros, sem mulheres e sem sua diversidade que é nossa maior força.
Sua escolha naquele momento e todas homenagens prestadas a você não são apenas reparações históricas. Mas a esperança de que o futuro seja reinventado, desta vez com a capacidade de permitir que todos possam transformar seus sonhos mais íntimos em realidade. E não apenas em esperança.
Ao ser escolhido para a Academia, não foi você quem ganhou a imortalidade. Isso você já havia obtido ao espalhar sua visão de mundo e sua sabedoria. São eles, Krenak, que ganham legitimidade, ao finalmente aceitar o pensamento indígena como parte de um Brasil plural.
Aquela decisão fez parte da construção da democracia. Não aquela dos Três Poderes, ainda que também seja fundamental. Falo aqui da “Democracia do Conhecimento”, um conceito que vai muito além da democracia liberal ou da democracia eleitoral.
O reconhecimento, como diz a definição do termo, da existência de múltiplas epistemologias e formas de conhecimento, sem hierarquias. Uma democracia que permite que o conhecimento seja criado e representado de múltiplas formas, seja pela arte, ciência, seja pela meditação.
O conhecimento como uma “ferramenta poderosa para agir no sentido de aprofundar a democracia e lutar por um mundo mais justo e saudável”.
Ao lhe homenagear, nós todos aqui não apenas nos curvamos diante do homem Ailton Krenak.
Mas nos unimos à sua luta por um mundo mais justo e saudável.
Reflorestamos nossas consciências com sua noção de “corpo território” e as “cosmologias que totalizam uma visão sistêmica de vida com seres humanos e não humanos.
Platão nos explica que a real tragédia da vida é quando a humanidade tem medo da luz.
Mas você, Krenak, já reparou como a escuridão não suporta a mais mínima brecha de luz?
Obrigado por ser essa fresta para o Brasil.
Sobre o Fliparacatu
O 2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu – acontece entre os dias 28 de agosto e 1.º de setembro, com o tema “Amor, Literatura e Diversidade”. A entrada é gratuita para todas as atividades. O Fliparacatu é patrocinado pela Kinross, via Lei Rouanet do Ministério da Cultura, e tem o apoio da Prefeitura de Paracatu, Academia Paracatuense de Letras e Fundação Casa de Cultura.
Serviço:
2.º Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu
De 28 de agosto a 1.º de setembro, quarta-feira a domingo
Local: programação presencial no Centro Histórico de Paracatu e programação digital no YouTube, Instagram e Facebook – @fliparacatu
Entrada gratuita
Informações para a imprensa:
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