Paracatu (MG) – Persistência, regularidade e um tema que encanta. Cinco escritores renomados compartilharam com a coluna conselhos a quem não tem o costume de ler. Também contaram como descobriram um mundo novo a partir da literatura.
Esses autores, que passaram nos últimos dias pelo Festival Literário Internacional de Paracatu (Fliparacatu), já venceram o Prêmio Jabuti (Conceição Evaristo, Eliana Alves Cruz, Itamar Vieira Junior, Jeferson Tenório) e o Prêmio Camões (Mia Couto). Leia abaixo as recomendações. Para acessar a íntegra das entrevistas, clique no nome do respectivo escritor.
Itamar Vieira Junior: “Se fizer sentido para sua existência, literatura é mágica”
Prefiro acreditar que [a dificuldade] acontece porque não foram apresentados àquilo que precisam ler, a uma literatura que faz sentido para sua existência. E não necessariamente precisa ser uma literatura sacramentada pelo público ou pela crítica. Às vezes é pela relação pessoal. Quando isso acontece, é impossível não se entregar. As fronteiras são rompidas entre pessoas, gêneros, raças, etnias e nacionalidades. Nossa humanidade se alarga. Digo: não desistam. A literatura pode entregar para vocês algo muito mágico, valioso e único.
Eliana Alves Cruz: “Um parágrafo por dia, mas leia”
Insiste. Você vai achar algo que te encante. Porque ali dentro tem a humanidade inteira. Você precisa ler no seu ritmo. As pessoas têm uma vida pesada de trabalho e estudo, de outras diversões. Então, leia uma página por dia, um parágrafo por dia, mas leia. Como tudo na vida, é um exercício. E é muito importante. Os livros são um direito humano. É muito triste abrir mão.
Jeferson Tenório: “Leia o quanto antes para não perder tempo”
Fui um leitor tardio, comecei a ler literatura com 23, 24 anos. Comecei a comprar livros, a conviver com os livros, me endividei comprando livros. Foi uma sensação também de raiva muito grande da sociedade. Eu pensava: “Por que não me disseram que ler era tão bom, que mudaria minha vida?”. Então, eu diria: leia o quanto antes, para não perder tempo.
Conceição Evaristo: “Busque o que interessa e faça um esforcinho”
Eu diria para ele [leitor] prestar atenção, buscar aquilo que o interessa. Essa formação não se dá de uma hora para a outra. Você vai aprendendo a ler, a gostar da leitura. Se não tem acesso fácil ao livro, frequente a biblioteca da escola e tente. Se começou um livro e não gostou, faça um esforcinho. De repente você não gosta das primeiras páginas, mas no meio do texto você fica seduzido.
Mia Couto: “É preciso também ler os outros”
É preciso ler os outros e estar atento ao olhar dos outros, ao sotaque do corpo. E no nosso tempo não estamos atentos a isso. Neste caso, não estamos atentos a nós mesmos.